Lideranças femininas debatem advocacia com perspectiva de gênero e direitos das mulheres durante encontro na OAB-CG

Publicado há 1 ano


Quando uma mulher se levanta, outras se levantam com ela e unidas, são capazes de mudar realidades, na busca por equidade e justiça. Esta força de quebrar paradigmas e resistir, ainda que em meio à tanta violência diária, ficou evidenciada na noite desta quarta-feira (29), durante a segunda edição do encontro “Revolução: Substantivo Feminino”, realizado pelo Núcleo de Apoio ao Estagiário (NAE), da OAB Subseção Campina Grande (OAB-CG).

Participaram da mesa de debates a vice-presidente da Subseção, Carla Felinto; a vereadora Jô Oliveira (PCdoB); a presidente da Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande, Chirlene dos Santos e a jornalista e fotógrafa Carol Diógenes, diretora, produtora, roteirista, diretora de fotografia e de montagem do documentário “A década em que nada mudou”, sobre a Barbárie de Queimadas, crime que completou 11 anos no dia 12 de janeiro deste ano. 

Na fala de abertura, Carla destacou os avanços conquistados pelas advogadas dentro do Sistema OAB, mas lembrou que a luta foi longa, árdua e está longe de acabar. “Evoluímos sim, conquistamos a paridade e isso é um exemplo para outras organizações, mas não foi algo rápido. A OAB tem 92 anos, só em 2020 nós mulheres tivemos a chance de concorrer de igual pra igual na composição das chapas das eleições”, pontuou.

Ela acrescentou  que, apesar da paridade, ainda são poucas mulheres nas lideranças da OAB. “São 27 Seccionais no país, mas apenas cinco são presididas por mulheres, as demais têm mulheres paritariamente na gestão, mas que não estão na presidência e isso faz muita diferença. Alcançar estes lugares é de extrema importância e representatividade para nós mulheres, porque quando nós chegamos lá, temos um olhar diferenciado, o que a gente quer é equidade, para ter uma justiça efetiva.  Para isso, precisamos estar unidas, só quem lucra com a nossa rivalidade é o sistema patriarcal”, reforçou.

Já a vereadora Jô Oliveira falou sobre a importância das mulheres ocuparem o espaço político, mesmo que a experiência seja extremamente difícil. “Infelizmente a gente ainda precisa dizer o óbvio, porque no ano em que nós assumimos enquanto vereadora, enquanto primeira mulher negra eleita, em 2021, uma mulher negra, trabalhadora doméstica foi resgatada em Campina Grande em trabalho análogo à escravidão. Percebam o quanto ao mesmo tempo que a gente dá um passo à frente, são 50 passos atrás. Por isso faço questão de dizer às meninas, nas escolas, que se coloquem à disposição para a política, nós não fomos ensinadas, mas a necessidade nos traz a esse lugar, para que a gente tenha uma sociedade justa e igualitária, nós estamos aqui pelas outras, nós estamos aqui por todas”, afirmou. 

Chirlene dos Santos por sua vez, falou do orgulho de ser trabalhadora doméstica e dos desafios de ser uma liderança na categoria. “Já participei por vários momentos de decisões, estive recentemente em reunião na ONU Mulheres, e logo no outro dia estava na OIT tratando desta luta, deste empoderamento que a gente precisa ter. Mostramos nosso trabalho, o trabalho das trabalhadoras domésticas, que representam 95% da categoria, e que são chefes de família e não são reconhecidas. O trabalho doméstico é um trabalho digno, eu me orgulho de ser trabalhadora doméstica, mas estar num espaço como este, tendo oportunidade de fala é importante não só pra mim, porque só através destas oportunidades, onde a gente aprende, onde a gente mostra pra sociedade o que a gente está passando, a gente tem como encontrar meios de quebrar este ciclo”, observou.

Finalizando o debate, a jornalista e fotógrafa Carol Diógenes, frisou que a Barbárie de Queimadas não pode ser esquecida. “Enquanto as memórias forem preservadas é uma forma de justiça, a gente tem o personagem principal desse crime que está foragido, o mentor do caso, está foragido, então a gente não pode deixar de falar sobre esse assunto. E todos os outros casos que vieram depois, não foram arquitetados de alguma forma? O caso da Barbárie de Queimadas foi algo extremo, absurdo, mas e as pequenas violências, diárias, também não são absurdas? A gente tem que falar sobre o assunto.  Todos os dias se a gente liga a TV e independente do horário, a gente encontra um caso de violência contra a mulher”, ressaltou. 

A coordenadora do NAE, Sayonara Ribeiro, enfatizou que idealizar e realizar um evento com mulheres em alusão ao mês de março, que é dedicado às mulheres, é extremamente importante por diversas razões. “O principal objetivo é dar visibilidade às questões que as afetam em diferentes áreas, além de ser uma oportunidade para discutir temas como a advocacia com perspectiva de gênero, representatividade feminina em cargos de liderança, o poder das comunidades de mulheres e outros assuntos relacionados aos direitos das mulheres. O evento proporcionou um espaço seguro e acolhedor para as mulheres se conectarem, compartilharem experiências e se apoiarem mutualmente. Uma grande oportunidade para celebrar as conquistas e os avanços das mulheres ao longo da história, reconhecendo a importância do papel delas nas lutas por justiça social e paridade de gênero, sendo também, uma ferramenta poderosa para aumentar a conscientização, fortalecer a solidariedade e promover a mudança em direção a um mundo mais igualitário e justo para todas as mulheres”, salientou. 

 

 

Outras Notícias


Endereço

Rua Vigário Calixto, 945, Catolé
CEP: 50.060-290 - Campina Grande-PB

COMO CHEGAR?

Contatos

(83) 99642-1379
(83) 3337-1933

Redes Sociais