Atualmente, Andrea trabalha no serviço público federal e não advoga mais. Ela registrou o caso na 5ª Delegacia de Polícia, na área central de Brasília e precisou voltar para atualizar a ocorrência. "O primeiro contato era de uma senhora de Curitiba. Depois, eu recebi uma ligação de uma pessoa do Rio de Janeiro falando que a sogra havia recebido uma correspondência de uma associação e que estava meu nome lá, dizendo que eu sou a gerente jurídica dessa associação e que essa pessoa teria um dinheiro para receber, mas teria que pagar 8 mil reais. Eu informei que era uma fraude e pedi para me mandar as cópias do que a sogra dele havia recebido", conta.
A funcionária pública diz que notificou o ocorrido ao Conselho Federal da OAB e, segundo ela, foi informada de que a única medida que poderiam tomar era comunicar às seccionais da Ordem.
O Conselho Federal da OAB informou que a competência para cuidar do caso é da respectiva seccional onde Andrea está registrada.
A Polícia Civil informou que a ocorrência envolvendo a advogada trata-se de crime de estelionato e foi registrada em dezembro de 2016 e editada no último dia 23, devido a fatos novos. A ocorrência foi encaminhada à Seção de Investigação, porém, durante o carnaval, as delegacias estão trabalhando em regime de plantão e somente após o término do recesso a polícia conseguirá avançar nas investigações.
Outra vítima
Guilherme da Hora Pereira, advogado especializado em atender sindicatos, é outra vítima da quadrilha. No caso de Pereira, o contato é mais fácil, pois ele ainda advoga e tem um site e um escritório de advocacia em Brasília. Pereira recebeu ao menos cem ligações de pessoas que haviam recebido correspondências sobre um suposto direito a uma indenização. Ele alertou a todos que o procuraram de que a carta era uma tentativa fraudulenta que a quadrilha arquitetou para ganhar dinheiro.
"Uma pessoa veio de São Paulo para Brasília para tentar sacar o dinheiro, conseguiu entrar em contato e eu a alertei. Ela já estava no aeroporto de Brasília quando eu disse que se tratava de um golpe", diz o advogado.
Pereira afirma que ver seu nome sendo utilizado por uma organização criminosa traz prejuízos a sua imagem. "Se isso repercute de alguma forma, mancha a minha imagem. Isso pode prejudicar também o meu escritório", finaliza. O advogado também registrou o caso na 5ª DP.
Segundo Guilherme Pereira, o perfil das vítimas é de pessoas aposentadas ou filhos de aposentados. Para ele, os alvos podem ser escolhidos com base em vazamentos de dados de algum órgão público ou associações às quais essas vítimas já estiveram ligadas.
Correio Braziliense